EDUCAÇÃO REINVENTADA

 Quem imaginaria sair do ano de 2019, aqui no Brasil, com um Ministro da Educação defensor do homeschooler, ensino a distância para alunos do Ensino Fundamental e muitos dos seus admiradores "comprando" a ideia. Colocando a escola regular como um lugar de disseminação de sexo, drogas, comunismo. Professores eram xingados na escola e na rua, eram humilhados pelos pais e alunos, rebaixaram a escola Pública e seus profissionais de educação a ralé do ensino. Fim de 2019 adeus ano velho e Feliz Ano Novo.

Quem iria imaginar o que aconteceria a seguir. O apocalipse, talvez? Não sabemos, só sabemos que 2020 chegou chegando e com ele, uma pandemia de Corona Vírus sem precedentes. O mundo virou de ponta cabeça, pessoas se contaminando e morrendo da Covid19, máscaras, álcool gel, água e sabão, distanciamento social e por fim dia 14/03/2020 inicia-se o protocolo de isolamento social. 

As escolas em todo o mundo foram fechadas, aqui no Brasil também, O que faremos com os alunos? Vale lembrar que os alunos eram até o dia que foi decretado o protocolo de isolamento social, proibidos de usar celulares e tablets nas escolas, eram confiscados pelos professores e entregues aos coordenadores e com requintes de crueldade, já que alguns pegavam escondidos da mãe, e só a mãe podia ir buscar, eles imploravam para ser entregue a eles sem que as mães soubessem, mas sadicamente as mães eram chamadas para desespero dos meninos(as). Bem, por que relatei isso? Porque a partir daquele momento em que se adotou um protocolo, era mais do que necessário o uso de toda tecnologia disponível, e eles já eram familiarizados, porém não para estudar.

Aí começa a reinvenção, buscas de alternativas para que os alunos continuassem estudando, Paulo freire diz que "Investigadores profissionais e povo, nessa operação simpática, que é a investigação do tema gerador, são ambos sujeitos do processo." E foi o que aconteceu professores se reinventaram, a escola se reinventou e cada um de suas casas começaram uma corrida de aprendizado de uso de tecnologias para poder ensinar, mas como atingir a todos os alunos? Como saber se eles estavam assistindo as aulas? E os responsáveis como estavam ajudando? Pois é, sobrou pra todo mundo. 

E os professores de novo trabalharam por amor, porque, a internet era sua, seu celular particular e watsapp viraram sala de aula, seu notebook e tablet seus cadernos e livros, sites foram criados e alimentados com atividades de todas as Ciências. Mas, no nosso país as desigualdades são enormes, o que fazer com quem não tem toda tecnologia disponível, bora criar atividades físicas e os responsáveis e alunos virem buscar. 

O que percebemos aqui é que apesar da discussão da BNCC acontecer e ser implantados, não passava pela cabeça de nenhum gestor público equipar os professores e alunos com os materiais tecnológicos, ao contrário, era proibido usar. Quando veio a pandemia, todos foram obrigados de alguma forma se virar para fazer acontecer as aulas. E as aulas aconteceram e acontecem ainda, embora estejam criando em reuniões online, protocolos de retorno, colocando crianças em salas de aula com espaços demarcados por fitas, ao invés de abrir a escola para esse novo momento onde pais e alunos ao ar livre construísse o novo pensar pedagógico, uma nova e reinventada educação. Quem sabe saiamos da caixa e enxerguemos nossos alunos não como animais numa cerca, mas como senhores junto com seus pais e professores, também fazedores de conhecimento. A busca será constante, mas a escola jamais voltará e nem deve ser como antes, assim como a necessidade de aprender com um professor(a) ao seu lado. Acredito que aqueles que eram entusiastas do ensino em casa, nesse momento deve estar repensando. 

Por Luiza Marillac